A Revolução dos Bichos – George Orwell

“Quatro patas bom, duas patas ruim”.
Inflamados por discursos demagógicos os animais de uma granja rebelam-se contra seus donos
e os expulsam a fim de usufruírem dos frutos de seu próprio trabalho, livres dos humanos que os
escravizavam, num sistema justo e igualitário. Mas na prática não foi bem assim…
Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. A fábula distópica do escritor e
jornalista George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, é uma sátira à Revolução Russa de
1917, em especial às práticas do ditador Joseph Stálin, contrariando o socialismo democrático em
que o autor acreditava.
“Todos os animais são iguais”.
Livres da opressão por parte daqueles que não produzem nada, motivados pelo sucesso da
revolução, em assembleia, os animais instituem um novo método com mandamentos próprios,
primando sempre pelo coletivo. Contudo, pouco a pouco, as diferenças começam a vir à tona.
Os porcos, dotados pelas habilidades de ler e escrever, consideram-se mais inteligentes e,
portanto, mais aptos para as incumbências de maior responsabilidade, delegando as tarefas braçais
àqueles que possuem tal força. De forma gradual, o regime vai se modificando aproveitando-se da
memória curta dos demais bichos até ao ponto de os porcos estarem no poder, apossando-se de tudo
que pertencera aos humanos de modo a se compararem com tais, em essência e também em
aparência.
Isso demonstra como líderes revolucionários podem ser tanto quanto, ou mais, despóticos
quanto aqueles contra os quais lutaram, traindo a confiança de seus apoiadores.
O livro trata de forma interessante e significativa a forma como regimes totalitários são
corroídos pela corrupção, a favor da ganância, transformando um cenário em algo ainda pior do que
outrora, sendo uma crítica mordaz as consequências do comunismo.
É uma ótima opção para começar a formar um pensamento próprio à luz de uma obra feita a
partir da visão do mesmo autor de “1984”, criador do Big Brother (considerado um dos personagens
mais assustadores da literatura), um homem viajado, combatente e à frente do seu tempo.
Resenha escrita por Sabrina Lira / foto capa feita por Natalina Santiago